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Brilho Eterno - Onde não há mais brilho
(Postado em: 26/01/2024 Por Leandro Soares)
Nem todo amor sobrevive ao tempo
Poucos filmes conseguem capturar a essência efêmera do amor de maneira tão poética quanto "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças". Dirigido por Michel Gondry e escrito por Charlie Kaufman, o filme é uma verdadeira obra-prima, proporcionando uma experiência cinematográfica tão única quanto um encontro casual com um unicórnio.
A trama, nos leva a questionar a própria natureza do amor e da memória. Jim Carrey e Kate Winslet brilham como Joel e Clementine, respectivamente, protagonistas que decidem apagar as memórias de um relacionamento que se desintegrou.
A narrativa não-linear nos leva por um labirinto emocional, onde o tempo é fluido e as fronteiras entre o passado e o presente se dissipam como nuvens ao vento. Gondry utiliza uma linguagem visual ousada, brincando com a realidade e a fantasia de maneira tão habilidosa quanto um malabarista de circo.
O filme exagera poeticamente a intensidade das emoções humanas, dando ao expectador uma noção de quão maravilhoso e também doloroso pode ser um relacionamento. O amor é retratado como um tsunami que inunda tudo, e a dor da perda é retratada como uma tempestade que destrói o que estiver em seu caminho. É uma jornada tão visceral que quase podemos sentir as alegrias e dores dos protagonistas.
As performances magistrais de Carrey e Winslet elevam o filme a uma categoria à parte. Carrey, conhecido por seus papéis cômicos, surpreende ao mostrar uma profundidade emocional que transcende as expectativas. Winslet, por sua vez, personifica a excentricidade de Clementine de maneira tão autêntica que é impossível não se apaixonar por sua essência vibrante.
"Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" é mais do que um filme; é uma experiência sensorial que desafia as convenções do romance tradicional. Gondry e Kaufman nos presenteiam com uma narrativa que é um verdadeiro carrossel de emoções, onde cada volta nos leva a novas descobertas sobre o amor, a perda e a busca pela autenticidade nas relações humanas.
Se você gosta de filmes de romance, as chances são grandes de que você irá gostar de brilho eterno, no entanto, eu aviso que esse filme não é o típico romance onde o casal vive feliz, e acaba junto, pelo contrário, ele retrata com certa fidelidade o quão complicado é manter um relacionamento amoroso, pois embora ambas as partes se amem, pequenas coisas do dia-a-dia acabam por desgastar a relação do casal. Este filme é “8 ou 80”, como diz a expressão de nossos pais e avós, ou você irá amar ou irá odiar, não haverá meio termo.
Para alguns, o passo do filme pode não agradar, pois há momentos onde nada importante realmente acontece na trama, e apenas somos apresentados à vida cotidiana do casal de protagonistas, o que não é necessariamente ruim, pois nos relacionamentos amorosos do mundo real não temos sempre bons momentos todo o tempo, ainda mais quando se está em uma relação de longos anos há momentos de marasmo, e o filme visa retratar isso com certa fidelidade. Por isso muitos irão achar o filme chato. Eu mesmo confesso que num primeiro momento achei o filme horrível, chato, onde os protagonistas são fracos e não se decidem sobre o que querem da vida, rs. Se esse tiver sido o seu caso, dê mais uma chance a esse filme, assista novamente, quem sabe você mude de ideia?
Num mundo onde a maioria dos filmes segue fórmulas previsíveis, "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" destaca-se como uma pérola rara, uma viagem pelo inconsciente humano que deixa uma marca indelével em nossas próprias lembranças cinematográficas, seja ela boa ou ruim.